sábado, 5 de janeiro de 2013

Oscar Niemeyer



Oscar Niemeyer - Quem sou eu para condena-lo ao inferno

            Este homem, ateu de convicção e cristão de vida diária, vai ou não vai estar ao lado de Deus?
            Lendo Mateus 25,31-46 podemos chegar a alguma conclusão:

            Texto 01 - Luís Alonso Schökel

A ação do homem e das sociedades em suas relações mútuas têm uma dimensão transcendente que Deus conhece e sanciona. Essa ideia ou mistério se dramatiza na linguagem de um grande julgamento público e universal. Como antecedentes literários podem-se recordar: o rito de Js 8,32-35 completado com Dt 27,12-28,14; a nota escatológica de Is 24,21-22; os destinos opostos de ls 65,13-15; Dn 12,2 o indica ou implica; Sb 4,20-5,16 o descreve a seu modo.
Em primeiro lugar, o texto propõe um problema de dupla identificação:
a) fala de "todas as nações" pagãs ou de todas sem distinção?
b) os "irmãos menores" de Jesus são os cristãos ou todos os necessitados?
Uma interpretação minimalista diria que os pagãos são julgados de acordo como tratarem os cristãos. Resposta:
a) segundo a tradição bíblica, a expressão designa os pagãos. O texto o comprova, pois os cristãos não podem alegar ignorância, os pagãos sim. Mas antes disse que "a boa notícia do reino será proclamada a todas as nações" (24,14).
b) Embora Jesus tenha limitado sua missão "às ovelhas desgarradas da Casa de Israel" (15,24), compadeceu-se também dos pagãos necessitados e proclama uma mensagem universal. Pois bem, se num momento a parábola teve um alcance limitado, em seu estado atual parece exigir um alcance universal: os que creram em Jesus, pelo cumprimento de seu mandato serão julgados; os que não o conheceram, serão julgados pela fidelidade a seus valores.
O juiz é Jesus. O "filho do rei", na ocasião do casamento (22,2), é no julgamento o rei (cf. SI 72,1) que chega acompanhado da sua corte e toma assento no seu tribunal (cf. Dn 7,9-10; Dt 33,2; Zc 14,5). Perante ele comparecem "todas as nações". Inspirados em J1º 4,11-12, alguns quiseram tomar a parábola como descrição realista e até localizaram a cena no "vale de Josafá".
O julgamento será de separação (aphorizo): verbo de grande tradição no culto e na legislação (ver especialmente Lv 20,25s; Is 56,3); seu complemento são os bons, que são "separados" dos maus. Compará-Ios com ovelhas e cabras pode ser sugestão de Ez 34,17, que distingue entre ovelhas e bodes; ao passo que a ceia pascal admite sem distinção "cordeiro e cabrito" (Ex 12,5). O valor da direita e da esquerda é transcultural (cf. Dt 27,12-13), segundo a posição geográfica relativa).
O critério de separação são as obras de misericórdia, que se podem ilustrar com textos do AT e do NT (p. ex. Is 58,7; Pr 19,17; Mt 5,7; 9,13; 12,7; 23,23). Servem para especificar o preceito capital do amor ao próximo. Jesus fez-se próximo do necessitado e irmão dos pequenos.
Como em Dt 27-28, a sentença é pronunciada em forma de bênção e maldição: benditos (SI 115,15; Is 65,23), malditos (Jr 17,5; SI 37,22). A sentença será "herdar o reino" (1ºCor 6,9; 15,50; GI 5,21) ou ser lançados no. "fogo eterno" (Is 66,24; Dn 7,11; Ap 20,10).
A cena nos faz compreender que muitos, sem conhecer a pessoa de Jesus, se ajustam aos valores dele, na esfera do amor ao próximo. E isso decide o destino deles. 

Texto 02  - Isidoro Mazzarolo  (  http://www.mazzarolo.pro.br/  )

O julgamento não é um ato arbitrário ou um erro acidental da pessoa. Fazer o bem ou deixar de fazê-lo é uma questão de comportamento e de conduta de uma vida inteira. Esta metáfora em seis aspectos não quer apontar para um erro acidental ou esquecimento, do qual a pessoa pode redimir-se facilmente, mas indica a conduta de toda uma vida, uma opção pelo bem ou pelo mal. Aqueles que não acolhem escolhem odiar, oprimir e explorar, e não fazem uma única vez, fazem todas as vezes e quantas forem necessárias.  Aqueles que exercem a misericórdia e a justiça assumem este comportamento e todos os riscos inerentes como críticas, perseguições, prejuízos e até a morte (5,11-12).
O julgamento é consequência da opção fundamental de uma pessoa ou da direção que alguém dá a todos os seus atos. Uma pessoa má pode fazer algum ato bom por interesse, por conveniência ou para tirar proveito depois. Uma pessoa boa pode cometer um ato errado, mas se arrepende e sua conduta continua boa. O que define estar ao lado direito ou esquerdo do Filho do Homem e receber um convite de ingresso "vem, bendito" ou então ser colocado do lado esquerdo e ouvir "vai, maldito" não depende de algum erro ou acerto, mas de uma opção existencial para o bem, pelo próximo, pela justiça ou pelo mal, pela impiedade e pelo pecado. Os justos serão convidados ao paraíso eterno (25,46) e os outros, para o lugar que escolheram: o castigo eterno, pois, com sua vida e obras, negaram a caridade, rejeitaram a justiça e não acreditaram no amor.
           

A partir dessa ultima frase eu lanço uma pergunta: para ser cristão é necessário fazer parte de alguma igreja cristã ou até mesmo acreditar na existência de Deus ? 
( Ricardo Naiff )

            

Bibliografias:
-- Luís Alonso Schökel - Bíblia do Peregrino. Ed. Paulus, São Paulo – 2006.
-- Isidoro Mazzarolo – Evangelho de São Mateus. Mazzarolo editor, Rio de Janeiro – 2005.

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